LETRA C
CABANO, s. Diz-se do cavalo que tem as orelhas gachas, caídas. || Diz-se do bovino que tem um ou ambos os chifres volteados para baixo.
CABEÇADA, s. Peça de couro que, cingindo a cabeça do animal e passando-lhe por trás das orelhas, serve para segurar o freio na boca.
CABEÇALHO, s. Peça comprida de madeira, ao lado da qual são atrelados os animais de tração.
CABOCLO, s. Descendente de índio. || É também, o nome de uma vespa.
CABORTEIRO, s. adj. Cavalo ou outro animal manhoso, arisco, infiel, velhaqueador, que não se deixa pegar. || Indivíduo velhaco, esperto, manhoso, mau, mentiroso, trapaceiro, tratante, que vive de experiente.
CABOS-NEGROS, adj. Diz-se do cavalo de qualquer pelo que tem negras as quatro patas.
CABRESTEAR, v. Andar o animal cavalar ou muar conduzido pelo cabresto, sem resistir.
CABRESTEIRO, adj. Que se deixa levar pelo cabresto. || Que se deixa conduzir docilmente; submisso, dócil, cabresteador.
CABRESTILHO, s. Cabresto pequeno. || Correias de couro ou de metal que seguram as esporas aos pés.
CABRESTO, s. Peça de couro que é apresilhada ao buçal ou bracelete para segurar o cavalo ou o muar.
CACHAÇO, s. Porco não castrado, barrasco, varrão. Reprodutor suíno.
CACHIMBO, s. Pedaço de pau com um fiel em uma das pontas, no qual se enfia o beiço do animal que se pretende sujeitar, e se vai torcendo até que o animal se entregue. Biqueira. || Cálice de flor.
CACHO, s. A cola, o rabo do cavalo.
CACIMBA, s. Fonte de água potável. Vertente.
CAFIFE, s. Bandejinha ou pequeno cofre em que se recolhe o barato no jogo de cartas, de víspora ou de tava. || Por extensão, o barato.
CAGAÇO, s. Grande susto, medo.
CAIPORA, s. Caapora, curupira. || Indivíduo azarado. || Azar, má sorte, caiporismo.
CAJETILHA, s. Sujeito presumido, pelintra, janota, almofadinha. Termo utilizado pela gente do campo aos rapazes da cidade.
CAJURU, s. Boca do mato, em guarani. Região de Lages (SC) famosa pela beleza de seus campos naturais.
CALAVEIRA, s. e adj. Indivíduo velhaco, caloteiro, caborteiro, vagabundo, tonto, tratante. Calavera.
CALIFÓRNIA, s. Carreira de que participam mais de dois parelheiros. Penca.
CALOMBO, s. Raça de gado bovino, outrora abundante no Rio Grande do Sul, na qual os touros apresentavam pescoço muito curto, com uma saliência volumosa (calombo) na parte anterior.
CAMA DE TENTOS, s. Cama rústica com estrado de tentos.
CAMARGO, s. Bebida servida principalmente como desjejum, antes da primeira refeição do dia, e no meio da tarde. É constituída de café forte e quente, adoçado a mascavo, misturado com o apojo tirado na hora no mesmo recipiente do café, a caneca de louça ou ferro esmaltado.
CAMBAIO, adj. Torto, em forma de vírgula.
CAMBÃO, s. Pedaço de pau furado nas duas extremidades, utilizado para unir duas ou mais juntas de bois, umas às outras, de modo que possam puxar ao mesmo tempo.
CAMBARÁ, s. Árvore da família das Compostas, que tem propriedades medicinais.
CAMBICHO, s. Apego, paixão, inclinação irresistível por uma mulher.
CAMBUIM, s. Árvore da família das Mirtáceas, que fornece madeira própria para moirões. Var.: Cambuí.
CAMBULHA, s. Molho de chaves. Porção de coisas.
CAMELADA, s. Grupo de camelos, os camelos.
CAMELO, s. Nome que os republicanos, na Revolução Rio-Grandense de 1835, davam aos legalistas.
CAMORRA, s. Rixa, contenda, provocação, indireta, desafio.
CAMOTE, s. Namoro, paixão, predileção de uma pessoa por outra, o namorado.
CAMPANHA, s. Zona de campo, apropriada à criação de gado. Local distanciado da cidade; interior. || Parte baixa do RS.
CAMPEAR, v. Procurar gado pelo campo. Buscar. Esquadrinhar. || Usa-se também em sentido figurado.
CAMPEIREAR, v. Trabalhar com o gado, no campo.
CAMPEIRO, s. e adj. Pessoa que executa com habilidade os serviços de campo, que monta bem, que vive e trabalha no campo, que entende de tudo o que se relaciona com a criação de gado.
CAMPERADA, s. Campeirada. Recorrida. Percorrer os campos.
CAMPESTRE, s. Campo no meio da mata. || Clareira gramada.
CAMPO, s. Nome dado às extensas pastagens, apropriadas à criação de gado, existentes no Rio Grande do Sul.
CAMPO DE LEI, s. Campo de ótima qualidade.
CANA DE RÉDEA, s. Tira de guasca de cada uma das rédeas.
CANCHA, s. Lugar plano, com várias quadras de comprimento por algumas braças de largura, com duas trilhas, preparado especialmente para corridas de cavalos. Lugar apropriado para jogar a péla; lugar apropriado ao jogo da tava ou jogo do osso. || Paradeiro habitual; lugar predileto. || Espaço; lugar.
CANCHEAR, v. Picar, bater as folhas de erva-mate, depois de secas no carijo, reduzindo-as em pequenos pedacinhos, com o auxílio de um facão de pau.
CANCHEIRO, adj. Diz-se do cavalo já habituado a correr nas canchas, treinado, adestrado para correr nas canchas. || Por extensão, aplica-se ao indivíduo que tem prática de determinado trabalho que executa, com desembaraço e habilidade, determinadas tarefas.
CANDEEIRO, s. Pequena lâmpada de folha, afunilada, abastecida com querosene ou óleo vegetal, para alumiar, antigamente muito usada na campanha. Candieiro, candiero; também candil, pouco usado. || Carreiro. Homem que, de aguilhada ao ombro, segue adiante do carro de bois, como que ensinando-lhes o caminho.
CANDONGUEIRO, adj. Aplica-se ao animal manhoso que foge com a cabeça quando se quer pôr-lhe o freio, o buçal ou tosá-lo. || Diz-se do indivíduo mesquinho, manhoso, arteiro, esquivo, inquieto, que questiona por coisas sem importância.
CANGA, s. Peça de madeira em que se colocam os bois para puxar a carreta.
CANGALHA, s. Peça do arreamento do animal de carga (muar ou equino) constante de armação de madeira acolchoada com palha e couro, onde são dependuradas as bruacas ou cestos. || Peça de três paus, unidos em triângulo, que se coloca no pescoço dos porcos e de outros animais, para que não possam atravessar as cercas que protegem as áreas cultivadas.
CANGOTE, s. Cogote; nuca, cachaço, parte superior do pescoço.
CANHA, s. Cachaça, aguardente, canguara, cana.
CANHADA, s. Vale, baixada entre coxilhas ou serras.
CANHONAÇO, s. Tiro de canhão. || Fato ou notícia de grande repercussão, que provoca abalo.
CANHOTO, s. Peça de madeira ou de ferro que, nos engenhos de serrar madeira, adaptada ao mancal de uma polia, transmite o movimento desta.
CANJICA, s. Espécie de sopa de milho descascado e quebrado, ao qual se adiciona açúcar, leite e, às vezes, canela, mungunzá. || Os dentes; dentadura.
CANZIL, s. Cada um dos dois paus existentes em cada ponta da canga, entre os quais é colocado o pescoço do boi.
CAPA, s. Capadura, capação, castração.
CAPADO, s. Porco castrado. Carneiro ou bode castrado.
CAPÃO, s. Pequeno mato isolado no meio do campo (orig. do guarani caá: mato, bosque, e paú: ilha, ou seja, ilha de mato). || Diz-se do animal capado. || adj. Indivíduo fraco, covarde, vil, pusilânime.
CAPATAZ, s. Administrador de uma estância ou de uma charqueada ou ainda o responsável pela condução de uma tropa.
CAPIM, s. Nome comum às diversas espécies de gramas e ervas rasteiras.
CAPINCHO, s. O macho da capivara. || Filhote de capivara.
CARACA, s. Rugas que aparecem na base dos chifres dos vacuns que vão envelhecendo. Craca.
CARAGUATÁ, s. Gravatá. Planta filamentosa muito comum em todo o Rio Grande do Sul.
CARAMINGUÁS, s. Arreios velhos, muito ordinários, quase sem préstimo. || Cacarecos, badulaques, coisas de pouco valor. || Dinheiro miúdo e escasso.
CARAMURU, s. e adj. Denominação que os republicanos de 1835 davam aos legalistas. O mesmo que camelo e galego.
CARANCHO, s. O mesmo que cará-cará, ave de rapina muito comum nos campos do Rio Grande do Sul. || adj. Pessoa que vai a festas e divertimentos sem ter sido convidada. || Indivíduo que entra de graça em baile onde é obrigatório o pagamento de ingresso. || Jogador excedente, em roda de jogo de número de parceiros limitado, que fica aguardando oportunidade de substituir algum dos jogadores em possíveis impedimentos.
CARA-VOLTA, s. Volta instantânea para trás, meia volta. Menção de voltar, de tornar para trás.
CARCHEADA, s. Pilhagem, carcheio.
CARCHEAR, v. Roubar, furtar, despojar. Apoderar-se indevidamente de animais e coisas alheias, por ocasião das revoluções, pretextando necessidades militares.
CARCHEIO, s. Ato de carchear. || Fig. Roubo; apossar-se dos bens alheios.
CARGUEIREAR, v. Trabalhar com animais cargueiros. Transportar carga em animais cargueiros.
CARGUEIRO, s. Animal, em geral muar, utilizado para conduzir cargas em bruacas ou cestos.
CARNAL, s. Lado interno do couro ou pelego.
CARNEAR, v. Matar, esfolar e esquartejar a rês destinada a consumo imediato ou ao preparo do charque.
CARNIÇA, s. Rês morta, em estado de putrefação, abandonada no campo.
CARONA, s. Peça dos arreios, constituída de uma sola ou couro, de forma retangular, geralmente composta de duas partes iguais cosidas entre si, em um dos lados, a qual é colocada por cima do baixeiro ou xergão, e por baixo do lombilho, e cujas abas são mais compridas que as deste. || Carne magra e dura. || Condução obtida gratuitamente. || expr. Ir ou estar pelas caronas: estar em situação difícil, penosa.
CARPETA, s. Jogo, jogatina. Pano que cobre a mesa do jogo.
CARQUEJA, s. Planta medicinal da família das Compostas.
CARQUINCHO, adj. Seco; enrugado, encarquilhado.
CARRAPATAR-SE, v. Agarrar-se com toda a força.
CARREIRA, s. Carreirada; carreiramento. Corrida de cavalos, em cancha reta. Quando participam da carreira mais de dois parelheiros, esta toma o nome de penca ou califórnia. || expr. Atar carreira: contratá-la, ajustá-la.
CARREIRISTA, s. Proprietário de parelheiros. Pessoa que se dedica a corridas de cavalos ou que as frequenta e as aprecia.
CARREIRO, s. Trilha. Fila. Fileira. || Também condutor de carros.
CARRETA, s. Carro de boi. Veículo tosco e pesado, de duas rodas, grande, com uma tolda ou não, puxado por diversas juntas de boi.
CARRETAMA, s. Grande número de carretas. Carretame.
CARRETÃO, s. Carreta pequena, usada para serviços leves, nas estâncias, e puxada por uma só junta de bois.
CARRETEIRO, s. Pessoa que tem a profissão de viajar de carreta. || Pescoceiro. || Prato campeiro, constituído de arroz com guisado de charque.
CARTEAR, v. Jogar, dar as cartas no jogo.
CASA-GRANDE, s. Morada de fazendeiro.
CASCA-GROSSA, adj. Diz-se da ou pessoa rude, sem educação, dura, de modos grosseiros, de difícil trato. || Denominação dada pelo morador da cidade, não afeito às lides do campo (vide cola-fina), ao peão de fazenda, por seu trabalho pesado e grosseiro e, por extensão, a toda pessoa originária/moradora na área rural.
CASO, s. História, conto, narração, relato, anedota. Causo.
CASQUEIRA, s. Ver a expressão “levado da casqueira”.
CASTELHANADA, s. Grupo de castelhanos. || Dito, exagero de castelhano.
CASTELHANO, s. O natural do Uruguai ou Argentina.
CATINGA, s. Morrinha, mau cheiro.
CATRE, s. Cama rústica. || Espécie de jangada ou balsa, preparada com madeira destinada ao uso das populações da beira do Uruguai e do Ibicuí, descidas no tempo das enchentes.
CATURRITAR, v. Falar em excesso; palrar, tagarelar.
CAUDILHO, s. Chefe (e patrão de estância) que exerce muita influência e domínio sobre um bando armado, ou partido que defende uma ideia. Chefe militar, mandachuva.
CAUSO, s. Caso, conto, acontecimento, história, narrativa.
CAVALHADA, s. Porção de cavalos.
CAVALO DA PORTA, s. Animal sempre à mão para qualquer serviço leve da estância.
CAVALO DE LEI, s. Animal muito veloz, capaz de percorrer duas quadras (264m) em 16 segundos ou menos.
CAVALO DE TIRO, s. Animal que se leva a cabresto, para muda ou para qualquer outro fim.
CEBOLA, s. Popularmente, relógio. Relógio antigo de algibeira (de bolso), grande, redondo e grosso, tinham a forma de uma cebola. Cebolão.
CERCADO, s. Lugar cercado para lavoura.
CERDEAR, v. Tosquiar. Cortar as cerdas do animal. CERNELHA, s. A parte do corpo do animal onde se juntam as espáduas; fio do lombo. Cruzes.
CERNOSO, adj. Que tem cerne espesso.
CERRO, s. Elevação, monte, morro.
CEVADOR, s. Pessoa que prepara o chimarrão e distribui entre os que estão tomando, numa roda de chimarrão. Cevador de mate.
CHÁ-DE-CASCA-DE-VACA, s. Surra de relho.
CHAIRA, s. Peça comprida de aço para assentar o fio das facas.
CHALEIRA, s. e adj. Diz-se de ou o indivíduo bajulador, engrossador.
CHALRAR, v. Conversar, prosear, parlar, charlar.
CHANCHO, s. (Do espanhol) Porco; suíno.
CHANGUEIRO, s. Parelheiro, ou cavalo de cancha, para pequenas corridas; parelheiro medíocre. Dim.: changueirito.
CHAPE-CHAPE, s. Terreno áspero e seco, chão duro.
CHARLA, s. Palestra, conversa.
CHARQUE, s. Carne bovina salgada e seca ao sol, em mantas (orig. quíchua).
CHARQUEADA, s. Saladeiro, estabelecimento onde o gado é abatido para fabricação do charque.
CHARQUEADOR, s. Saladeirista, dono de charqueada, fabricante de charque.
CHARRUA, s. Tribo indígena, nômade, que habitava o sul do RS na época do seu povoamento. Era hostil, de índios guerreiros, bravos e altivos, que nunca se submeteram aos conquistadores.
CHASQUE, s. Chasqueiro. Mensageiro, estafeta, próprio, pessoa que se despacha levando uma mensagem. || Carta, aviso, recado, mensagem, desafio.
CHÊ, interj. Equivalente a tu aí, ou tu, simplesmente. Usa-se também, como vocativo: Como vai, chê?, ou para chamar a atenção: Chê, que mulher bonita!. Pronuncia-se tchê, à maneira espanhola. O mesmo que ché, tiê e tchê.
CHICO, adj. Pequeno.
CHILENAS, s. Esporas com rosetas muito grandes, cujas pontas, por vezes, podem alcançar mais de dez centímetros.
CHIMANGO, s. e adj. Ave de rapina muito comum na campanha rio-grandense, parecida com o caracará, porém menor do que este. || Tenaz feita de arame para pegar brasas nos fogões. || Alcunha dada no Rio Grande do Sul aos partidários do governo na revolução de 1923.
CHIMARRÃO, s. e adj. Mate cevado sem açúcar, é preparado em uma cuia ou cabaça e sorvido através de um tubo metálico, com um ralo na extremidade inferior, ao qual se dá o nome de bomba. || Gado bovino que foge para os matos e neles vive fora de qualquer sujeição. || Cão que se tornou selvagem, sem sujeição, e que se alimenta dos animais que mata. || Qualquer animal doméstico que se torne alçado.
CHIMARRITA, s. Denominação de uma antiga dança popular e de uma poesia cantada com acompanhamento de viola ou violão. É denominada também chamarrita.
CHINA, s. Descendente ou mulher de índio, ou pessoa do sexo feminino que apresenta alguns dos característicos étnicos das mulheres indígenas. || Cabocla, mulher morena. || Mulher de vida fácil. (Parece provir do quíchua xina, que significa aia).
CHINAREDO, s. Grande número de chinas, índias ou caboclas. O mesmo que chinarado, chinerio, chineiro, chinedo.
CHINCHA, s. O mesmo que cincha.
CHININHA, s. Caboclinha, filha de china, china ainda menina, chinoquinha, piguancha. Chinoca.
CHINOCA, s. Diminutivo de china; chininha, chinoquinha; caboclinha. O mesmo que piguancha.
CHINOCÃO, s. Chinoca bonita, vistosa, fornida.
CHIQUEIRO, s. Pequeno curral ou encerra a que se recolhem terneiros mansos, porco, ovelhas, ou outros animais.
CHIRIPÁ, s. Vestimenta rústica, anterior à bombacha, sem costuras, usada antigamente pelos homens do campo. É constituído de um metro e meio de fazenda que, passando por entre as pernas, é preso à cintura em suas extremidades por uma cinta de couro ou pelo tirador.
CHIRU, s. e adj. Índio, caboclo, moreno carregado, que tem traços de indígena. Acaboclado, indiático. Xiru.
CHIRUA, s. e adj. Feminino de chiru. China, índia, cabocla.
CHISPA, s. Faísca.
CHOCOLATEIRA, s. Vasilha de folha usada para aquecer água e para preparar café. O mesmo que cambona.
CHORADA, s. Algazarra que fazem os cães no momento do levante do veado.
CHORADEIRA, s. Lamúrio, pedidos insistentes e humildes.
CHORRO, s. Jorro.
CHULA, s. Bailado de origem portuguesa, dançado preferencialmente por homens, simulando desafio entre dois contendores, constante de sapateados e evoluções em torno de uma lança largada no chão.
CHURRASCO, s. Carne assada ao calor das brasas ou labaredas, com ou sem o uso de espeto.
CHUSPA, s. Bolsinha feita de pele do papo da ema, ou de outro material, destinada a guardar dinheiro, fumo, papel de cigarros, miudezas.
CHUVISQUEIRO, s. Chuva miúda, chuvisco.
CINCERRO, s. Pequeno sino, sinete ou campainha que se pendura ao pescoço da égua madrinha para manutenção da tropa unida e cadenciada.
CINCHA, s. Peça dos arreios que serve para firmar o lombilho ou o serigote sobre o lombo do animal.
CINCO MANDAMENTOS, s. Os cinco dedos da mão. A mão.
CLAVADA, s. O fato de, quando se atira o osso, no jogo desse nome, cair ele de ponta e, depois, lentamente, deitar-se dando a "sorte". Ato de clavar. || Logro, velhacada.
CLINA, s. Crina, cerda, cabelo comprido.
CLINUDO, s. e adj. Animal não tosado, de clinas grandes. || Por extensão, aplica-se ao indivíduo cabeludo.
COALHEIRA, s. Um dos estômagos do animal bovino que, por conter muito ácido, é usado para coalhar ou coagular o leite para o preparo do queijo.
COCHO, s. Recipiente de madeira ou de outro material, de várias formas e de vários tamanhos, que serve para diversos fins: para colocar sal para o gado nos rodeios, para dar ração aos animais domésticos, para lavar mandioca, para o fabrico da farinha, etc.
COCURUTO, s. O cimo de uma coxilha. Saliência do terreno. Montículo. || Corcunda. A giba do zebu. Calombo. Inchaço.
COGOTILHO, s. Tosadura que se faz nas crinas do cavalo, acompanhando a volta do pescoço e baixando progressivamente entre as orelhas e para o lado das cruzes, onde, em geral, ficam algumas crinas compridas.
COGOTUDO, s. e adj. Pessoa ou animal que tem o cogote muito grosso. Pescoçudo.
COIMEIRO, s. O depositário da coima, ou seja, da parada, no jogo de osso. || Indivíduo que explora o jogo, em carreiras.
COLA, s. Encalço, rastro. || A cauda dos animais.
COLA ATADA, s. A cauda do cavalo atada de modo a formar um tope.
COLA-FINA, adj. Denominação que o homem do campo dá à gente da cidade que não entende, ou não está acostumado às duras lides campeiras.
COLHERA, s. Peça de couro ou de metal utilizada para prender dois animais, um ao outro, pelo pescoço. O conjunto de animais atrelados pela colhera. || Figuradamente, dois indivíduos que andam sempre juntos.
COLHUDO, s. e adj. Cavalo inteiro, não castrado; pastor. || Sujeito valente, destemido, que enfrenta qualquer situação difícil, ou de perigo. Cuiudo.
COLMILHO, s. Dente canino. Presa.
COLMILHUDO, adj. Diz-se do animal cavalar de grandes colmilhos, portanto já velho.
COLORADO, s. e adj. Cavalar ou muar de pelo vermelho. || Encarnado, vermelho vivo. "Baeta colorada" significa baeta encarnada, bem vermelha. || É também qualificativo de um partido político do Uruguai, bem como membro deste partido.
COLOREADO, adj. O vermelho, a cor vermelha.
COMO, adv. Tanto quanto, coisa de: "eu vinha como a uma légua quando começou o tiroteio".
COMO QUERA, loc. conj. Como queira, como quer que seja, de qualquer modo, seja como for, apesar disso, ainda assim, é bem provável.
COMPANHA, s. Companhia.
COMPROMISSO, adj. Importante. "Negócio de compromisso", isto é, negócio importante. "Carreira de compromisso", isto é, carreira de grande importância, pelo vulto da parada ou por qualquer outro motivo.
CONCHAVO, s. Ajuste de emprego. Emprego doméstico. || Significa também combinação entre duas ou mais pessoas.
CONCHO, adj. Confiante. Empregado na expressão “mui concho” com o sentido de despreocupado, muito confiante.
CONFIANÇA, s. Empregado, animal, ou pessoa amiga, de confiança, com quem se pode contar em qualquer situação.
CONTINENTE, s. Nome dado ao Rio Grande do Sul desde os tempos coloniais até à Revolução de 1835.
CONTINENTISTA, s. e adj. Antiga denominação dada aos habitantes do Rio Grande do Sul, especialmente aos revolucionários de 1835, os farroupilhas.
CONTRAPONTEAR, v. Contrariar, contradizer, retrucar, atrapalhar, aborrecer.
CONTRAVOLTA, s. Volta, volteio, giro em sentido contrário ao do anterior.
CORAÇONADA, s. Aquilo que o coração diz ou dita. Pressentimento, palpite.
CORCOVO, s. Pinote, pulo, movimento que faz o cavalo para lançar do lombo o cavaleiro.
CORDEONA, s. Gaita de foles, sanfona, acordeona. Var. Cordiona.
CORINCHO, s. Topete, bazófia, pimponice, proa, prosa, fanfarronada, arrogância, petulância. || expr. Quebrar o corincho: acabar com a arrogância de alguém.
CORNETA, adj. Bovino que perdeu, ou quebrou, um dos chifres. || Indivíduo intrometido, indisciplinado e trapalhão, que aparece onde não foi chamado e desarmoniza o ambiente.
CORONILHA, s. Árvore cuja madeira é de grande densidade e muito resistente. || Em sentido figurado, indivíduo forte, guapo, disposto, resistente, valente. || Avarento.
CORREDOR, s. Estrada que atravessa campos de criação, deles separada por cercas em ambos os lados. || Jóquei. || Nas rinhas, pessoa encarregada de entrar no tambor para instigar à briga os galos já cansados. || Anel metálico ou de tiras de couro trançado, usado para apertar a costura de diversas peças do arreamento. Passador.
CORRIDO, adj. Diz-se do galo de rinha que, por ter sido vencido, foge dos outros, ressabiado de brigar.
CORTADO, s. Lavor que se faz, cortando; recorte.
CORTAR, v. Separar, apartar.
CORTICEIRA, s. Árvore ornamental, de madeira leve e porosa, que se presta para o fabrico de canoas, boias, cochos, etc.. Seibo ou seivo. Corticeira-do-mato, corticeira do banhado.
COSQUILHOSO, adj. Coceguento. Muito sensível às cócegas. O mesmo que cosquento, cosquilhento e cosquilhudo. || Em sentido figurado diz-se de quem é suscetível, de quem se melindra facilmente.
COSTANEIRA, s. Rachão. A primeira tábua tirada de uma tora cilíndrica nas serrarias. Muito usada para fazer paredes nos ranchos rústicos nas propriedades rurais.
COSTEIO, s. Ato de sujeitar o gado a rodeios constantes ou de recolhê-lo, com frequência, à mangueira ou encerra com a finalidade de amansá-lo ou acostumá-lo à obediência ao manejo utilizado na propriedade. || Castigo; ato de corrigir alguém.
COSTILHAR, s. Parte da carne da rês que cobre as costelas. Costelar.
COTÓ, s. Indivíduo que tem um braço mutilado. || Faca pequena e ordinária. || Coto, coisa pequena.
COUREAR, v. Tirar o couro do animal, morto no campo, de peste, magreza ou desastre.
COVA DE TOURO, s. Escavação que o touro faz com os chifres e as patas, como provocação, quando se prepara para a luta.
COXILHAS, s. Grandes extensões onduladas de campinas cobertas de pastagens, que constituem a maior parte do território rio-grandense e onde se desenvolve a atividade pastoril dos gaúchos.
COXILHÃO, s. Coxilha grande, muito extensa, espécie de chapadão.
CRIA, s. Filho de animal ou de pessoa.
CRIATURA, s. Criança, feto, pessoa do sexo feminino.
CRINA, s. Pelo do pescoço e da cauda do cavalo, e de outros animais, mais longo e mais firme que o conjunto da pelagem.
CRIOULO, s. e adj. O natural de determinado lugar, região, estado, país. || Raça de cavalo; paiseiro. || Cigarro de palha feito com fumo em rolo.
CRIOULO DE MARCA, s. Diz-se do animal que nasce na propriedade de determinado estancieiro e recebe a sua marca.
CRIVADO, s. Árvore de casca grossa como uma espécie de cortiça, incombustível, que vegeta nos campos.
CRUZA, s. Cruzamento de raças, produto de cruzamento.
CRUZADA, s. Encruzilhada, cruzamento, encruzada, ato de cruzar. || Passagem, travessia.
CRUZADO, adj. Diz-se do cavalo calçado em diagonal. || s. Antiga moeda de valor equivalente a CR$ 0,40.
CRUZEIRA, s. Variedade de cobra jararaca muito venenosa, também chamada urutu. CRUZES, s. A parte compreendida entre o dorso e o pescoço do animal; a parte do lombo do animal onde se juntam as paletas; garrote do animal; agulha, cernelha.
CUÊ-PUCHA, interj. Exprime admiração, espanto: "Cuê-pucha! Que morena!”
CUERA, s. Cicatrizes do lombo cavalar ou do muar, provenientes de feridas ou mataduras ocasionadas pelo uso de arreios defeituosos. Essas cicatrizes, ao contato do serigote ou lombilho, podem transformar-se novamente em feridas. Unheira. Tubuna. || Homem ruim, maleva. || Gaúcho forte, destemido. (Cf. quera).
CUERUDO, adj. Diz-se do animal que sofre de cueras.
CUIA, s. Cabaça. Porongo, ou, mais propriamente, cabeça de porongo que se usa para preparar o mate. Recipiente de barro, de louça ou de madeira, usado para se tomar mate. A cuia de chimarrão, ou de mate, feita de cabeça de porongo, é, muitas vezes, guarnecida de prata, artisticamente lavrada. || Cabeça.
CUIUDO, s. adj. O mesmo que colhudo.
CULATRA, s. A retaguarda de uma tropa de gado. || Parte traseira da carreta.
CULATREAR, v. Seguir na culatra da tropa, conduzindo-a. Sair no encalço ou na perseguição de alguém.
CULO, s. O contrário de suerte no jogo de osso ou tava. Posição em que, caindo o osso, o jogador perde a partida. Má sorte. Estar de culo: estar de caipora.
CUNA!, interj. O mesmo que cuê-pucha!
CUNHÃ, s. Jovem índia (orig. guarani).
CUPIM, s. O cogote grosso e saliente dos touros das raças zebu e calombo. || Montículo de barro muito duro feito pelos cupins. Cupinzeiro.
CUPINCHA, s. Companheiro, amigo, comparsa.
CUPINUDO, s. e adj. Diz-se do bovino que tem grande cupim ou giba.
CUSCADA, s. Bando de cuscos; os cuscos. Cuscama. || Fig. Gente ordinária, imprestável, fraca.
CUSCO, s. Cão pequeno, cão fraldeiro, cão de raça ordinária. O mesmo que guaipéca, guapéca, guaipeva, guaipé.
CUSCUZ, s. Prato de farinha de milho cozida no vapor, servido salgado, quente, de mistura com leite de apojo.
CUTUBA, s. e adj. Diz-se de ou o indivíduo forte, valente, respeitado, temível, disposto, destemido, de muito merecimento e valor. Bonito. Taura, torena, turuna.
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