LETRA B
BABAQUARA, s. Toleirão, matuto, ignorante, grosseiro, bobo, atoleimado, palerma, trouxa, bocó. Baiaquara. Babaquá. (Orig. do Tupi: aquele que nada sabe)
BADANA, s. Pele macia e lavrada que faz parte da encilha e é colocada sobre os pelegos.
BAGUAL, s. adj. Equino selvagem, isto é, ainda não domado. Cavalo novo e arisco, bravio, indômito, bonito, vistoso, muito grande. Animal não castrado. Potro domado recentemente. Reprodutor equino. || Homem valente, decidido, macho.
BAGUALADA, s. Manada de baguais. || Estupidez, grosseria.
BAH!, interj. Exprime espanto, surpresa, admiração, ou não precisa exprimir nada, fazendo parte da conversação cotidiana do gaúcho. Pode compor expressões como: Mas báh, tchê, sempre depois do mas e antes do tchê.
BAIANO, s. e adj. Maturrango. Indivíduo que não sabe andar a cavalo, ou que não sabe executar trabalhos de campos.
BAILANTA, s. Local de bailes populares. Bailão.
BAIO, adj. Diz-se do animal cujo pelo tem cor de ouro desmaiado. || Cigarro crioulo, feito com fumo em rama e palha de milho. || Bêbado.
BAIXEIRO, s. Manta de lã, integrante dos arreios, que se coloca sobre o lombo do animal, por baixo da carona, quando se encilha. Semelhante a xerga, xergão, enxergão, suadouro (var. baxeiro, baxero).
BALANCEADO, adj. Que não é bem certo do juízo. Meio doido. || Diz-se do negociante prestes a falir. || Diz-se, também, do parelheiro preparado para correr certo tiro: "O tostado está balanceado nas quatro quadras".
BALANDRAU, s. Nome dado ao poncho de pala, ou simplesmente pala, o qual tem como opa uma abertura, no meio, por onde se enfia o pescoço.
BALASTRACA, s. Antiga moeda castelhana, patacão argentino ou uruguaio, valia 400 réis.
BALDA, s. Barda, manha, mania, sestro, defeito, vício.
BALDOSO, adj. Diz-se do cavalo que tem baldas, manias; sestroso, manhoso. Aplica-se também a pessoas. Bardoso.
BALOQUE, s. Em grande quantidade.
BAMBURRAL, s. Vegetação arbustífera que viceja em locais úmidos, em roças e em cercados abandonados. Taquaral, bambuzal.
BANCAR-SE, v. Assentar-se. Montar. Sentar-se.
BANDA, s. Lugar, região, paragem.
BANDEAR, v. Atravessar, varar, passar para outro lado.
BANGORNAÇO, s. Pancada forte. Encontrão. Esbarrão.
BANHADO, s. Charco, pântano, brejo, terreno baixo e alagadiço coberto de vegetação. Tremedal.
BANZÉ, s. Arrelia, disputa, rezinga, briga, barulho, desordem.
BAQUE, s. Solavanco, bacada.
BARATO, s. Percentagem das apostas, retirada pela pessoa ou clube que fornece aos jogadores o local e o material de jogo, como o baralho, etc..
BARBAQUÁ, s. Tipo de forno utilizado para secagem de erva mate. O fogo é feito em um buraco que é ligado por condutores de calor ao carijo ou tatu, de forma que a erva receba calor indiretamente.
BARBARIDADE, s. Barbarismo. || interj. Exprime espanto, admiração, estupefação, surpresa: Cuê-pucha, barbaridade! || Muito, em grande quantidade, intensamente: "Aquela moça é bonita uma barbaridade".
BARBICACHO, s. Cordão, seda torcida, trança de couro cru ou mesmo de sola, com as extremidades presas à carneira do chapéu, uma de cada lado, que passa por baixo do queixo da pessoa que o usa, para nos dias de vento ou nos serviços de campo, manter o chapéu firme na cabeça.
BARRA-DO-DIA, s. Aurora, alvorada.
BARRETINA, s. Antigo gorro militar, cilíndrico, de couro ou feltro.
BARRIGA VERDE, s. Catarinense. Apelido originado da faixa verde que os soldados catarinenses usavam à cintura, nas Guerras do Prata. Para os habitantes da Região Serrana Catarinense é depreciativo, e reservado apenas aos naturais do Litoral.
BARROSO, adj. Diz-se, em relação aos animais bovinos, do pelo branco amarelado ou branco acinzentado. Ocorrem várias tonalidades, quais sejam, barroso-claro, o barroso-amarelo, o barroso-vermelho, o barroso-fumaça.
BARULHAR, v. Fazer barulho ou bulha.
BASCUIAR, v. Vasculhar, verificar, procurar. Basquiar.
BASTEIRA, s. Parte acolchoada do serigote ou lombilho, que assenta sobre o lombo do animal. || Ferida no lombo do animal causada por defeito ou mau estado dos arreios. Quando localizadas na região dos rins, essas feridas, mesmo cicatrizadas, reabrem com facilidade, o que desvaloriza bastante o animal. BASTEIRAS, s. Lugar no lombo do animal de montaria, de cada lado da espinha, onde assentam os bastos do lombilho. || Manchas de pelos brancos ou escoriações produzidas neste local pelo atrito dos bastos. || Fig. Marcas de antigas lembranças. BASTO, s. Lombilho de cabeça rasa e pequena, muito usado na fronteira. Partes acolchoadas e paralelas do lombilho ou serigote, que assentam sobre o lombo do animal. Também chamado de bastos. || O naipe de paus, nos jogos de baralho.
BATATA, s. Divisa, galão.
BATE-BARBAS, s. Discussão, briga.
BAUTIZAR, v. Deturpação de batizar.
BEJU, s. Bolo de massa de mandioca.
BERRAÇADA, s. Berreiro, berração.
BERRAR, v. Chorar aos berros. Gritar
BERZABUM, s. Balbúrdia, tumulto, conflito, briga, bafafá, gangolina.
BICHARÁ, s. Lã grossa para ponchos. || Poncho rústico ou cobertor feito dessa lã, com listras brancas e pretas ao comprido. Meco.
BICHAREDO, s. Bicharada, bicharia. Grande quantidade de bichos. || adj. Pessoa disposta para tudo, principalmente para peleias.
BICHEIRA, s. Ferida nos animais, contendo vermes depositados pelas moscas varejeiras.
BICOTA, s. Beijoca, beijo, boquinha.
BIDÊ, s. Mesinha de cabeceira.
BIGUÁ, s. Ave aquática de cor preta que vive nos rios e lagoas.
BIJAJICA, s. Rosquinha de farinha de trigo frita, seca.
BIRIBA, s. e adj. Beriba. Biriva. Tropeiro serrano. Habitante da região serrana do RS.
BOBAJADA, s. Tolice, bobagem.
BOCAL, s. Tira de couro que serve de freio no início da doma de equinos ou muares.
BOCHE, s. Usado na locução adverbial à boche: muito, em grande quantidade.
BOCHINCHO (E), s. Baile de plebe, baileco, arrasta-pé, espécie de batuque, divertimento chinfrim próprio de gentalha. || Desordem, conflito, briga, confusão.
BOCÓ, s. e adj. Bobo, tolo, pateta, boboca, acriançado, lorpa. || Pequeno alforje ou bolsa de couro cru ou de fazenda, usada a tiracolo. Bornal.
BOIADA, s. Porção de bois mansos, especialmente utilizados nas carretas. Tropa de bois.
BOICININGA, s. Nome tupi da cobra cascavel.
BOIEIRA, s. Estrela d’alva. Planeta Vênus.
BOIGUAÇU, s. (tupi) Cobra grande.
BOI-CARREIRO, s. Boi manso, de canga, empregado na tração.
BOI-LADRÃO, s. Usado na expressão ‘apanhar como boi-ladrão’, que significa apanhar uma grande surra.
BOITATÁ, s. (guarani) Fogo-fátuo. Cobra de fogo.
BOLAÇO, s. Tiro de bolas, golpe ou pancada dado com as bolas ou com a boleadeira.
BOLANDINA, s. Agitação, azáfama, atrapalhação. || Trapalhada, trampolinada.
BOLAPÉ, s. Vau de um rio cheio que o cavalo atravessa com dificuldade, sem que consiga assentar os pés com firmeza, quase nadando.
BOLEADEIRA, s. Instrumento de origem charrua (índios dos pampas) de que se servem os campeiros para apreender os animais e também para, nas guerras, abater os inimigos. Consta de duas pedras redondas de igual peso e tamanho e uma menor, retovadas de couro e chamadas de três-marias (os indígenas não revestem as pedras). As bolas maiores são ligadas entre si pela soga maior, corda de couro torcido ou trançado, medindo 1,50m de comprimento. A bola menor, manicla, é ligada pela soga menor (0,78m) ao meio da soga maior. Para usar a boleadeira, o campeiro segura a manicla com uma das mãos, imprimindo um movimento rotativo às outras duas bolas e lançando todo o conjunto às patas dos animais que deseja capturar. Existe uma variante de boleadeira onde as três-marias são ligadas a um laço e lançadas juntas, com a rotação imprimida a partir do laço. || O mesmo que bolas, pedras e três-marias.
BOLEADO, s. Arredondado, torneado. || adj. Amalucado, adoidado, que não é muito certo da bola. || Derrubado pelas boleadeiras.
BOLEADOR, s. Homem adestrado no manejo das boleadeiras. || Cavalo que se joga no chão para livrar-se do cavaleiro.
BOLEAR A PERNA, expr. Apear-se, descer do animal de montaria.
BOLEAR-SE, v. Jogar-se ao solo o cavalo com o cavaleiro, com os arreios, ou mesmo desencilhado. || Decidir-se. Arrojar-se. Lançar-se.
BOLICHE, s. O mesmo que bolicho.
BOLICHEIRO, s. Dono de bolicho. Bolichero. Taberneiro. || Frequentador de bolichos.
BOLICHO, s. Casa de negócio de pequeno sortimento e de pouca importância. Bodega. Taberninha. || Casa de jogo. || Certo jogo de origem espanhola.
BOLIVIANO, adj. Diz-se do cavalo que não tem dono conhecido, teatino. || Moeda de prata, da Bolívia, que circulou no Rio Grande do Sul e que valia de 600 a 900 réis.
BOMBA, s. Canudo de prata, ou outro metal, tendo em uma das extremidades um bojo crivado de pequenos furos, que é introduzido na cuia cheia de erva e água quente, e na outra extremidade, um acabamento achatado, às vezes revestido de ouro, por onde se suga o mate. Bomba de chimarrão.
BOMBACHA, s. Calças muito largas e bufantes, presas por botões logo acima do tornozelo, de origem moura. É a vestimenta predileta dos homens do campo do Rio Grande do Sul que a usam tanto para o trabalho como para o passeio.
BOMBEAR, v. Espionar, espreitar, explorar, vigiar, espiar, perscrutar, olhar, ver, observar.
BOMBEIRO, s. Espião, vigia, esculca, observador, explorador do campo inimigo.
BOMBO-LEGUERO, s. Tambor utilizado pelos gaúchos da metade superior da Argentina, notadamente em Santiago Del Estero, com aro protegendo o bastidor e projetando o som, segundo se acredita, até uma légua de distância. Dessa légua é que vem o nome leguero.
BONA-XIRA, s. Bona-chira. Mesa farta.
BONZÃO, adj. Muito bom.
BOQUEIRÃO, s. Saída larga para um campo, depois de um desfiladeiro, de uma estrada estreita, de um lugar apertado. || Distância muito grande que, numa carreira, um cavalo leva sobre o outro.
BOQUEJAR, v. Conversar.
BOQUEJO, s. Conversa.
BOQUINHA, s. Beijo, bicota.
BOQUINHA-DA-NOITE, s. O anoitecer. BORNAL, s. Saco de pano, couro, ou outro material, em geral utilizado a tiracolo, para transportar provisões, ferramentas, etc.
BORRACHÃO, s. Chifre bovino com fundo tapado e aberto na ponta, usado como recipiente para transportar ou armazenar, principalmente, líquidos.
BORRACHO, s. Bêbado, ébrio, embriagado, gambá, pinguço, baio.
BOTA, s. Calçado próprio para andar a cavalo, feito de couro, que envolve o pé e a perna.
BOTA DE GARRÃO, s. Botas (em desuso) que eram feitas das peles dos membros posteriores dos potros, retiradas por inteiro, sem corte vertical, e moldadas nas pernas.
BOTADA, s. Investida, agachada, feita, vez, ato de botar. || Cotejo entre parelheiros ou galos de rinha.
BOTEIRO, s. Aquele que governa um bote. || Fabricante de botes. || Fabricante de botas.
BOTEJA, s. Botelha, garrafa.
BRABO, adj. Feroz, raivoso, irado, selvagem, zangado, colérico.
BRAÇA, s. Medida antiga linear, ainda muito usada no Rio Grande do Sul, equivalente a 2,20m. A braça quadrada equivale a 4,84m2.
BRAÇA-DE-SESMARIA, s. Medida antiga de superfície, ainda usada no Rio Grande do Sul, equivalente a 14.520m2, ou seja, 1 braça por 2 léguas, ou 2,20m por 6.600m.
BRAÇA-DE-SOL, expr. Distância aparente que falta para o sol desaparecer no horizonte.
BRAÇADA, s. Movimento do braço.
BRAGADO, adj. Pelo do cavalo ou do bovino que tem a virilha ou a barriga branca e o resto do corpo de outra cor. Bragadio.
BRAGUETAÇO, s. Golpe do baú. Casamento feito por interesse.
BRANQUEAR, v. Caiar de branco. Parede branqueada é o mesmo que parede caiada.
BRASINO, adj. Da cor da brasa. Pelo de vacum, de cachorro ou de gato, vermelho, com listras pretas ou muito escuras.
BRETE, s. Corredor estreito para conter animais. Corredor que se comunica com a mangueira ou o curral, dentro do qual o animal fica com seus movimentos tolhidos, podendo ser tratado, vacinado, marcado, castrado, tosado, etc.. || Pequeno curral onde se recolhem ovelhas para a esquila.
BROCHA, s. Corda ou tira de couro com que se prende o boi à canga.
BRUACA, s. Espécie de mala de couro cru, com alças laterais, apropriada para ser conduzida em lombo de animal, pendurada à cangalha, uma de cada lado, com capacidade variável, cada uma, de 45kg a 50 kg. || Mulher sem pudor, desleixada, feia, ordinária, rameira. || Pessoa gaiata, brincalhona.
BUÇAL, s. Espécie de cabresto com focinheira. É uma peça de couro que faz parte dos arreios e é colocada na cabeça e pescoço do cavalo. Compõem-se das seguintes partes: focinheira, cabeçada, fiador e cedeira. Buçalão é o buçal reforçado, usado na doma. || Passar o buçal em: Enganar, lograr.
BUÇALETE, s. Pequeno buçal. Cabresto aperfeiçoado.
BUCHADA, s. Conjunto de estômago e intestino da rês, quando carneada.
BUENACHO, adj. Muito bom, excelente, generoso, afável, bondoso, cavalheiro.
BUENAÇO, adj. O mesmo que buenacho.
BUENO, adj. e adv. Bom, bondoso. Está bem, muito bem, perfeitamente. (esp.).
BUGIO, s. Espécie de macaco da família dos cebídeos; guariba. || Tipo de música e dança tipicamente gaúcha. || Mulher feia. || Pelego curtido e pintado, em geral forrado de pano.
BUGRE, s. Índio, silvícola. Nome depreciativo aplicado aos selvagens do Brasil.
BUGREIROS, s. Facínoras armados e mantidos por latifundiários para extermínio dos indígenas da Região Serrana catarinense. O último massacre perpetrado em Santa Catarina ocorreu em 1942, no atual município de Bom Jardim da Serra. Martinho Marcelino de Jesus, o famigerado Martinho Bugreiro, foi o mais brutal, cruel e sanguinário desses genocidas impunes que contavam com a cobertura das autoridades oficiais.
BURACADA, s. Porção de buracos, terreno esburacado, buraqueira. O mesmo que buracama.
BURRICHÓ, s. Burro-choro.
BURRO-CHORO, s. Hechor. Jumento não castrado, usado no acasalamento com éguas para a produção dos híbridos chamados burros ou mulas, inférteis (há casos raros de mulas férteis), excelentes para montaria e tração pela resistência que possuem, principalmente para longas viagens. Var.: Burrichó.
BUTIÁ, s. Espécie de palmeira pequena; butiazeiro. || Fruto do butiazeiro, usado para fazer licor, e muito apreciado para misturar na cachaça.
BUZINA, adj. Raivoso, irritado, colérico, atrevido, zangado, furioso, brabo, mau, valentão, bandido, estroina, endiabrado. || Ficar buzina, encolerizar-se.
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